Páginas

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Felizes Para Sempre?

ontem aconteceu a estréia da tão esperada minissérie que a família brasileira (mesmo a que oprime) esta doida pra acompanhar. no meu trabalho, no whatsapp, e até no scruff o assunto era a nova obra (excitante diga-se de passagem) de Euclydes Marinho. a fotografia, a direção e todo o contexto americano que se passa em Brasília deixa o telespectador de séries americanas (nós, pobres mortais) boquiabertos. enfim, o brasileiro ta aprendendo a entreter. cada frame, cada linha de texto vai alternando o rumo das coisas e as histórias cada vez mais parecidas com a que vemos no dia-a-dia. com a que vemos dentro de nossas casas.

começando com o retrato de uma família feliz. reunida ao pé da mesa discutindo assuntos que levam do machismo, sexismo, altruísmo, deliberador ismo e o conceito final: traição. a família surpreende quando um dos filhos, o mais novo, diz que vai se separar da mulher. que ainda a ama e por isso eles colocam um ponto final em tudo. deixando as cunhadas aflitas e afoitas. a mãe de família debocha num tom estranho que se todo casamento acabasse assim o mundo seria um lugar horrível. pelo menos, no meu ver, ela pareceu muito irônica. dali, você começa a conhecer as histórias de cada um dos filhos. tem o cara que oprime a mulher, que tem milhões de amantes e então pra esquentar o pseudo casamento resolvem contratar um puta. que até toca piano. cômico, se não fosse trágico. o outro irmão, a mulher não quer transar, o marido é fogoso, e com certeza terão muitos problemas por causa disso. hoje em dia qualquer coisa vira motivo pra drama. a mãe de família também quer tentar fugir de um caso com um de seus alunos, mas não consegue, esta apaixonada. ela nem liga que o maridão não consegue mais subir a cobra.



tudo muito normal. no texto, nos palavrões, na dinâmica entre os personagens não vi nada de anormal. só acho que a história da personagem da Maria Fernanda Cândido é a mais assustadora e que mais me aflige. ver uma mulher ser tratada como ela, e ver essa mesma pessoa oprimida aceitando tudo, pedindo desculpas, realmente constrange, limita. será que alguma amiga minha passa por isso? algum amigo? alguém próximo? que tensão. que triste. o cara sentir que é o bom, gozando em dez minutos e quando a mulher reclama ele ainda a colocando no extremo ponto de culpa. e a idiota achar que ela ainda esta errada. ao mesmo tempo que admiro a puta pela inteligência e sua vida bem sucedida, fico perplexo de como esse cara é babaca do jeito que trata a mulher. patético.

a primeira visão sobre esses dramas todos é que sim, precisamos desses retratos na tv. o retrato de famílias "perfeitas". essa coisa de histórias psicodélicas de zumbis, presidiárias, sereias, rainhas do gelo já esta dando pras bolas. não consigo mais nem ver a patética Revenge que perdeu o rumo assim como quase toda série que começa ganhando tudo que é prêmio. mesmo que seja o dos cibernéticos antenados e alienados. não sei o que anda acontecendo, os autores começam bem, de repente abandonam o barco. deixam pros roteiristas se foderem e aí, esses sim, na maioria das vezes fazem merda. não existe roteiristas melhores que alexandre machado e sua deusa fernanda young. mas acho que Euclydes Marinho acertou em cheio. a história é ótima, e quando fico com raiva do personagem é porque realmente ta valendo a pena. fora que a trilha sonora é deliciosa. achei que nunca alguém colocaria Susheela Raman em alguma produção brasileira. mais dez pontos.

ah e sobre as atuações? cara, só ator ~paulera~. e olha que fazia tempo que eu não sentava, e parava pra ver televisão. até a mais fraca paolla oliveira esta brilhante no papel. texto bom, direção boa, e claro, adriana esteves (L).

roubo, desonestidade, brigas, amantes, filhos oprimidos, mulheres deprimidas, homens com o ego inflado. nada que não exista atrás das cercas brasileiras.

que tenha um ótimo desenrolar e deixo aqui meu beijo na boca do Euclydes. e que venham muito mais loucuras dessa cabeça sensacional.