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domingo, 22 de julho de 2012

A arte de afogar os sonhos

moro com minha vó desde sempre. minha mãe saiu da casa dela, voltou, saiu, e voltou. e eu fiquei. meu pai nunca se importou muito comigo. na realidade ele ajuda a pagar minhas contas. mas aquela lembrança paterna muitas vezes é vazia. cresci embalado por minha prima, minha tia e minha vó. a música estava presente em todos os momentos. 

aos 3 anos de idade eu cantarolava músiquinhas que tocavam no programa da sula miranda. e também queria dançar igual ao MJ. mas claro, não passou de infância. á medida que eu fui crescendo, meus sonhos foram se esgotando. foram simplesmente se apagando. já sonhei com turnês, já projetei turnês, já sonhei com uma vida boa regada de fama e tormento. mas por enquanto nada aconteceu. porque? porque eu não fui atrás. eu não corri atrás. tento sempre encontrar meu lugar ao sol mas parece que um dia tem sido mais difícil que o outro.

o que era sonho ontem, hoje é pesadelo, é medo de enfrentar. é medo de abandonar a pessoa na qual nunca me abandonou. minha vó. 

o que era sonho ontem, hoje é tristeza. certa vez, ganhei um brinquedo (eu pelo menos o chamava assim) saído da cirurgia de adenoide,  meu pai e minha tia me levaram a uma loja de cds. pra mim, aquilo era uma loja de doces. lembro de ter comprado cds da eliana, angélica, xuxa e sula miranda. o último que havia sido lançado em cd. não me interessava por carrinhos, bicicletas, bola, mesmo tendo tudo isso. meus amigos se acabavam com isso. e eu, feliz e bobo por ter ganhado meu cd player com duas k7 de acompanhamento. sempre brinquei, fui saudável. e sou até hoje. graças a Deus.

mas não realizei metade dos meus sonhos. sabe aqueles projetos que a gente faz todo ano? então, o meu tem sido o mesmo já há uns 4. mas eu to lutando. eu to tentando. eu to penando. um dia o sonho se realiza. e jamais vou me frustrar. jamais vou me curvar. a vida é uma surpresa. a vida é um sopro. procuro viver o hoje, muitas das vezes sem ter que olhar pra trás. porque as vezes lembrar dói. dói muito.

nem sei porque to escrevendo isso aqui, mas é um diário, é um lugar pra despejar tudo. e hoje despejo minha tristeza de um domingo qualquer. falando sobre o sonho. o pesadelo. e sobre minha arte de afogá-los todos.