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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O Pastor Negão

e tinha esse pastor negão. que tinha os dentes mais lindos do mundo. e ele estava na tv falando sobre o sabonete da cura. e pela primeira vez, coloquei minhas mãos dentro da minha cueca e comecei a instaurar minha cura. ele sorria, falava suavemente. não gritava como o idiota do Silas Malafaia. apesar que, não há como sentir alguma coisa alguma a não ser pena desse senhor que acabei de citar,

enfim.

o pastor negão tinha seu telefone exposto ali na tela. fiquei tentado. andei, acendi um cigarro, abri uma cerveja. sentia algo quente a me tentar. estava eu sendo possuído pela pombagira? ou por todos os pajés que andam em minha companhia? não sabia ao certo. estava confuso. muito confuso. depois da segunda lata de cerveja, liguei novamente a tv e num intervalo de freak show aquele mesmo negão voltava a tela pra fazer a propaganda do seu sabonete ungido. achei até que estava delirando. ele entrou ao vivo, e exigia que eu ligasse. já estava imaginando coisas mas sim ele olhava pra mim e exigia isso.

não aguentei e liguei.

quando ele atendeu eu comecei a me masturbar intensamente. mas falava baixinho pra ele ficar com tesão. foi quando ele desligou. minutos depois, um número diferente me retornava. e o negão estava de pé, o gigante dele havia acordado. não consigo me lembrar ao certo qual foi a besteira que eu disse e o gigante dele havia subido pras colinas. marcamos um encontro. pedi que trouxesse o tal sabonete. e o safado do pastor negão veio e trouxe a cura para minha pobre pele ressecada. ele lembrava um certo ator pornô. tinha uma pinta de baiano. naquele terno e com aquele perfume jaguar ele me deixava extremamente fora da casa.



passou uns dias, eu e o negão continuávamos a nos encontrar. ele pedia sigilo de uma forma tão excitante que aquela boca carnuda, aqueles dentes, aquele cheiro, aquele pau que adentrava meu santuário anal sempre me deixava em êxtase. eu literalmente estava vivendo na América. esquecendo dos caricatos, dos preconceituosos, de tudo aquilo que chamamos de mal de parkinson da sociedade. há aqueles que vivem felizes escondendo uma situação, vivendo um amor proibido. tudo é uma contra-regra de contradição. as pessoas sabem ser felizes, elas só tem medo.

o negão não tinha esse medo. mesmo ele não querendo que ninguém do bairro soubesse que o cuzinho o qual ele comia, e a boca que caia sem dó no seu atributo de cura fossem pra fora da surdina. e pela primeira vez eu me sentia livre. mesmo escondido. nosso caso durou alguns dias. algumas semanas. nada além disso.

o negão da tv era a metáfora e o sonho essencial de toda uma vida sexual.

e eu estava com saudades de escrever putaria.