Páginas

domingo, 17 de março de 2013

Ostra (IN)feliz?

eis que a obra de Rubem Alves chegou nas minhas mãos. e eu me odeio por não ter ido atrás de seus livros antes. que delícia. que vida em cada página, que amor em cada linha de ficção e verdade que se encontram, em conflito geral, meus sentimentos se perderam em algumas das páginas. noutras eles se encontraram, se abraçaram, e tiveram essa mescla de loucura e verdade.


ostra feliz não faz pérola fala sobre inverdades da vida. momentos que muitos de nós já passamos. momentos que muitos de nós já presenciamos. não cheguei ao fim do livro ainda, e nem quero chegar. o capítulo que mais mexeu comigo foi o "AMOR". e começa super emocionando falando sobre um casal onde a mulher operou o seio, fruto de um câncer. ela achava que o marido nunca mais ia amá-la por não ter mais o seio. e ele num surto de amor, diz a ela que o peito dele vai estar perto do seu coração, aí sendo assim ela não se sentirá sozinha.

clichê? pode até ser. mas eu acredito no amor ainda, acredito que as pessoas ainda são movidas pelo amar. mesmo quando tantas outras coisas estão em jogo. mesmo quando tantas outras coisas estão em pauta, assim como religião. rubem aborda com suavidade e até um pouco de ironia temas como igrejas com nomes estranhos, sacramentos, Judas, Papas, espiritismo, loucuras, Deus. a maior loucura é querer entender Deus, nunca nem ninguém conseguirá.

estou agora, lendo "Velhice" e logo, logo chego na "Morte". já dei uma olhadinha por cima e sem dúvidas vou surtar. vou querer me cortar inteiro. pra você que passa por aqui, MEGA recomendo esse livro. pra Rubem foi uma terapia, como ele mesmo diz, a ostra para fazer uma pérola precisa de areia dentro de si para, SOFRER. e para o autor, as areias pontudas que o machucaram precisavam ser expelidas, então, o que ele fez? escreveu.

e foi a melhor coisa que ele fez!

"É difícil dizer que se ama
Havia uma moça que passava sempre defronte da minha casa. Eu a via, do outro lado da rua. Ela tinha um defeito na perna que a fazia mancar. O seu rosto tinha uma suavidade, uma beleza que me encantava. E eu ficava com vontade de atravessar a rua e dizer-lhe: "Eu acho você muito bonita!". E voltar correndo para dentro de casa. Nunca tive coragem. Tive medo de que ela me considerasse um velho desrespeitoso, dando-lhe uma cantada. E eu fico a me perguntar: por que é tão difícil dizer aos outros o quanto gostamos deles?"