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sábado, 6 de outubro de 2012

Os amantes



Depois de assistir ao vídeo onde Misael e Ulysses estavam juntos, na cama, Fernanda não sabia por quem começar a conversa. Ela estava indignada com aquilo. Ela não se conformava em ser trocada pela bicha do bairro. Naquela tarde então, ela tomou seu banho de sais, escolheu sua melhor roupa e foi ao encontro de Misael no lar de idosos, onde aquele dia Misael estava fazendo uma boa ação.

- Amiga, onde você esta? – falava Misael ao telefone com Antônia – sei, sei, mas vem? Ah sim, então ficarei esperando. – Ao desligar o telefone, Misael e Fernanda ficaram cara a cara.

- Que posso ajudar? – perguntou Misael

- Não sei, eu que deveria perguntar isso não é?

- Nossa Fernanda, você ajudando entidades carentes é nova pra mim.

- Porque a ironia?

- Porque você sempre foi a mais burra da escola!

- O que? Porque essa ofensa?

- Não vou com a sua cara. Agora se você me dá licença... – Misael saiu falando, e Fernanda tinha jogado toda sua autoconfiança no lixo de medo da bicha. Ela não conseguiu dar um pio. Mais tarde ela e Ulysses estavam jantando em um restaurante da cidade, com Ulysses também ela havia travado. TRAVADO totalmente. Ela não se conformava com aquilo. E o seu celular pipocava mensagens de Emiliana do tipo: Já abriu o jogo? Já acabou com o viadinho? Já fez tudo que deveria fazer? Por favor não amarele!

Fernanda estava deprimida. Totalmente deprimida.

- Como foi seu dia? – começou ela um dialogo intro

- Foi chato. E o seu?

- Foi bom. Fui até...- Ulysses olhou pra porta, e Fernanda notou o olhar dele de paixão, quando ela virou era Misael entrando – o lar de idosos...

- É? – ele começa a comer a pizza e de vez em sempre dar umas olhadas pra Misael – E foi bom?

- Sim. Ajudei os velhinhos!

- Que bom!

- Porque você esta distante?

- Eu? Distante? Porque?

- Eu que perguntei primeiro Ulysses. Parece que foi pro mundo da lua!

- Não consigo entender o que você diz.

- Porque você me ignora? Ontem te liguei....

- Fernanda, não te disseram que eu trabalho?

- Eu também! Eu também! Mas você nunca tem tempo pra gente, toda vida tem algo pra fazer, isso desde quando nos conhecemos!

- Tô perdendo a fome, sério...

- Perdeu a fome porque? Só se foi a da pizza né? Porque... porque...

- Porque? – perguntou Ulysses se fazendo de desentendido

- Vou embora!

- Que?

- É Ulysses, vou pra casa.

E se levantou. E partiu. E Ulysses não entendeu nada, mas não a seguiu. Quando desceu as escadas do restaurante, Fernanda esperou, esperou e nada do namorado vir atrás. E foi aí que ela começou a repensar em tudo. Ela fez uma auto avaliação de todo o relacionamento. Antes de Emiliana jogar a bomba, ela nunca havia notado as faltas que Ulysses fazia. Muito pelo contrário, ela sempre relevava os treinos de futebol, as tardes chuvosas em que ele ficava na academia, e tudo que pela cabeça nunca passou.

Como deve ser o coração de um traído? Como deve ser a dor de quem é traído? Como deve sobreviver a isso, um traído?

Todas essas perguntas começaram a fluir. E enquanto Emiliana pensava em algo para recuperar seu noivado fracassado, e acabar com Antônia. Fernanda pensava somente numa coisa. A corda da balança que ficava no parquinho da cidade. E foi pra lá que ela foi. Sem pestanejar.