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quarta-feira, 7 de março de 2012

faxina

dias atrás antes de começar minhas aulas, eu resolvi fazer uma faxina brava no meu quarto. essas que você aspira tanto pó que fica o dia todo espirrando feito um doido. encontrei tantas coisas. revistas velhas, roupas velhas, cartas que escrevi e não mandei. detalhes. encontrei também uma carta de um menino, que mora (ou morava! não ouvi mais falar dele) na minha cidade natal. ele falava sobre amor. ele falava que quando me ouviu cantar pela primeira sentiu algo tão bom, tão forte que se eu tivesse nascido menina ele casaria comigo. bobeira.  ingenuidade também. também encontrei fotos com amigos de infância. vizinhos. eu era tão feliz. tão amado. tão amável. não sei se hoje ainda sou. não sei se ainda passo o mesmo amor, o mesmo sentimento de que posso ser amado. as coisas mudam. o tempo muda. fazer faxina causa essa sensação de volta. poderia voltar ao tempo. poderia fazer tudo diferente. ou fazer tudo novamente. e melhor ainda. ou pior. encontrei discos da minha mãe. organizei caixas. documentos. livros. memórias.