Páginas

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Solidão

Uma das coisas que eu jamais achei que sentiria na vida era solidão. Cresci no meio de uma muvuca, casa cheia-casa suja, muita gente-gente demais, e eu definia aquilo como alegria de sugestão. Eu vivia (e vivo) o momento. Meu pai trabalhava (e trabalha) com caminhão/carreta, minha mãe era agente prisional e aquele vazio de pai-mãe sempre era vazio. Mas ao mesmo tempo preenchido pela minha prima, minha tia, minha vó. Que até hoje me dá assistência e sempre me faz feliz. Mas a solidão que quero me referir é aquela mesmo de pai-mãe. Minha mãe morreu muito cedo, eu tinha seis anos e meu pai parece que resolveu desistir de mim. Meus irmãos já eram "grandinhos" e só restou a mim ali, no canto. Nunca fui mimado, nunca achei que as pessoas tinham que fazer algo por mim só por causa de eu ter perdido minha mãe. Mas tinha momentos em que eu achava que sim, eu chorava muito. E choro até hoje porque meu pai não fez nada pra mudar isso, não moveu um dedo pra mudar minha história. Eu claro, dei jeito na minha vida. Óbvio. Estudei, estudo ainda. Trabalho, não-trabalho, mas faço algo de útil. Minha vida não é só ficar na internet, ou então ficar lustrando banco na faculdade. Tive meus momentos sim, de pura rebeldia, de puro ódio. De mostrar ao mundo que eu era, eu sou. Tudo passa. A vida é uma caixa de surpresas, hoje você está no pódio amanhã você está na merda e tudo é relativo. Temos que saber levar. Eu vou levando. Com saudade, com amor, e com solidão.

Um dia ela resolve ir embora. Tudo passa.